quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Poema para Galileo

(...)Eu queria agradecer-te, Galileo, a inteligência das coisas que me deste.Eu, e quantos milhões de homens como eu a quem tu esclareceste,ia jurar - que disparate Galileo! - e jurava a pés juntos e apostava a cabeça sem a menor hesitação - que os corpos caem tanto mais depressa quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo? Quem acredita que um penedo caia com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo na praia? Esta era a inteligência que Deus nos deu. (...)Por isso estoicamente, mansamente, resistente a todas as torturas, a todas as angústias, a todos os contratempos enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas, foram caindo, caindo, caindo, caindo, caindo sempre,e sempre, ininterruptamente, na razão directa dos quadrados dos tempos.

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António Gedeão ( Rómulo de Carvalho),1968

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